Atenção:
Para responder às questões de números 1 a 11, considere o texto abaixo.
Se um cachorro
“pensa” ou não, “tem consciência” ounão, isso depende da definição escolhida. Algumas
pessoasnão atribuirão “consciência” a criatura alguma que não seja capazde
abstrair um conceito geral com base em fatos particularese, a partir daí,
aplicar o aparato da lógica formal de modo afazer inferências para além desses
fatos. Outros conferem“consciência” a criaturas que reconhecem seus parentes
consanguíneose se recordam de locais prévios relacionados a situaçõesde perigo
ou de prazer. Pelo primeiro critério, os cãesnão têm consciência; pelo segundo,
têm. Mas os cães permanecemsendo cães e sentindo aquilo que sentem, sem levar
emconsideração os rótulos escolhidos por nós.
No contexto dos
esforços internacionais para conservara biodiversidade, essa questão assume uma
importância central,uma vez que o argumento clássico sobre os motivos pelosquais
uma criatura supostamente decente e moral como oHomo sapiens pode maltratar e
até mesmo exterminar outrasespécies se assenta sobre uma posição extrema numcontinuum. A tradição
cartesiana, formulada explicitamente noséculo XVII, mas presente,
sem dúvida, numa forma “popular”ou em outras versões, ao longo de toda história
humana, sustentaque os outros animais são pouco mais que máquinas desprovidasde
sentimentos e que apenas os homens gozam de“consciência”, não importa como ela
seja definida. Nas versõesradicais dessa teoria, até mesmo a dor e o sofrimento
manifestosde outros mamíferos (tão palpáveis para nós, e da maneiramais
visceral, uma vez que as expressões vocais e faciais dessesparentes evolutivos
próximos são semelhantes às nossaspróprias reações aos mesmos estímulos) nada
mais sinalizamdo que uma resposta automática sem nenhuma representaçãointerna
em termos de sentimento − porque
os outros animaisnão têm consciência alguma. Assim, levando adiante esse
argumento,poderíamos nos preocupar com a extinção em função deoutras razões,
mas não em virtude de alguma espécie de dor ousofrimento associado a essas
mortes inevitáveis.
Não acredito que
muitas pessoas sustentem nos dias dehoje uma versão tão forte da posição
cartesiana, mas a tradiçãode se considerar os animais “inferiores” como “menos
capazesde sentir” certamente persiste como um paliativo que ajuda ajustificar
nossa rapacidade − do
mesmo modo como os nossosancestrais racistas argumentavam que os “insensíveis”
índioseram incapazes de experimentar alguma forma de dor conceitualou
filosófica pela perda de seu ambiente ou modo de vida(desde que os territórios
reservados suprissem suas necessidadescorporais de alimento e segurança), e que
os “primitivos”africanos não lamentariam a terra natal e a família abandonadasà
força uma vez que a escravidão lhes assegurasse asobrevivência do ponto de
vista físico.
QUESTÃO 1
Para o autor do texto,
(A) o argumento de que os
animais não sofrem do mesmo modo que os homens é um pretexto para o exercício
da avidez humana.
CORRETO – A parte do
texto que sustenta essa assertiva encontra-se no segundo parágrafo:
A tradição
cartesiana, formulada explicitamente no século XVII, mas presente,
sem dúvida, numa forma “popular” ou em outras versões, ao longo de toda
história humana, sustenta que os outros animais são pouco mais que máquinas
desprovidas de sentimentos e que apenas os homens gozam de “consciência”, não
importa como ela seja definida. Nas versões radicais dessa teoria, até mesmo a
dor e o sofrimento manifestos de outros mamíferos (tão palpáveis para nós, e da
maneira mais visceral, uma vez que as expressões vocais e faciais desses
parentes evolutivos próximos são semelhantes às nossas próprias reações aos
mesmos estímulos) nada mais sinalizam do que uma resposta automática sem
nenhuma representação interna em termos de sentimento − porque os outros
animais não têm consciência alguma. Assim, levando adiante esse argumento,
poderíamos nos preocupar com a extinção em função de outras razões, mas não em
virtude de alguma espécie de dor ou sofrimento associado a essas mortes
inevitáveis.
No terceiro parágrafo, o autor completa:
“ (...)mas a
tradição de se considerar os animais “inferiores” como “menos capazes de
sentir” certamente persiste como um paliativo que ajuda a justificar nossa rapacidade...”
Rapacidade – avidez de animal que se atira sobre a presa.
(B) a defesa da
biodiversidade não pode ter como base a questão da consciência dos animais, já
que não há consenso sobre essa questão.
INCORRETO – O autor segue
o caminho oposto ao que essa opção afirma, introduzindo o segundo parágrafo da
seguinte forma:
“No contexto dos
esforços internacionais para conservar a biodiversidade, essa questão assume
uma importância central...”
(C) o modo como vivem os
homens no mundo contemporâneo faz com que sejam inevitáveis as mortes dos
animais.
INCORRETO – o texto não
cria o vínculo sugerido nessa opção, além de passear pela linha do tempo (cita
o século XVII), o que é diferente de se referir ao mundo contemporâneo.
(D) a discussão sobre o
nível de consciência que pode ser atingido pelos cães é inteiramente inócua,
pois nunca chegaremos a um consenso.
INCORRETO – o autor do texto
não se refere à discussão mencionada nessa opção como “inócua”, apenas diz que
há duas maneiras de considerar a questão que envolve o fato de um cão ter ou
não consciência.
(E) os mamíferos, que em
tantos aspectos assemelham-se aos homens, devem ser colocados numa escala muito
superior aos outros animais.
INCORRETO – o autor não
faz em parte alguma do texto essa reivindicação.
GABARITO (A)
____________________________________________________________________________
QUESTÃO 2
No último parágrafo do
texto, Jay Gould
(A) sugere que a alegação
de que os animais são inferiores ao homem é preconceituosa e interessada.
CORRETO –O autor
refere-se a duas experiências na história que ilustram tal afirmação. Ambas se
relacionam com a opressão à qual foram submetidos os indígenas e os negros
africanos, tidos pela visão do homem branco ocidental, como sabemos, como raças
inferiores.
“...do mesmo modo
como os nossos ancestrais racistas argumentavam que os “insensíveis” índios
eram incapazes de experimentar alguma forma de dor conceitual ou filosófica
pela perda de seu ambiente ou modo de vida (desde que os territórios reservados
suprissem suas necessidades corporais de alimento e segurança), e que os
“primitivos” africanos não lamentariam a terra natal e a família abandonadas à
força uma vez que a escravidão lhes assegurasse a sobrevivência do ponto de
vista físico.”
(B) insinua que o nível
de consciência dos animais é semelhante àquele que os homens mais primitivos
possuíam.
INCORRETO – Não essa
analogia no texto.
(C) defende que os
animais são hoje tratados de modo mais cruel do que eram tratados os escravos.
INCORRETO – Outra
extrapolação da banca examinadora. O autor não compara uma crueldade com a
outra, apenas se refere aos escravos para sinalizar outras situações nas quais
o discurso do homem é (foi) ajustado aos seus interesses.
(D) aventa a
possibilidade de já não haver mais quem sustente a posição cartesiana nos dias
atuais.
INCORRETO – O início do
parágrafo desmente tal opção, pois o autor diz que não acredita que haja muitas
pessoas acreditando na posição cartesiana, o que é diferente de dizer que não
há quem sustente tal posição.
(E) concede que aqueles
que escravizaram índios no passado só o fizeram por acreditar na sua inferioridade.
INCORRETO – O autor do
texto usa o que aconteceu com os índios no passado para provocar uma reflexão
acerca dos reais interesses por trás do discurso (a opção A desmente esta opção
E).
GABARITO (A)
_____________________________________________________________________________________
QUESTÃO 3
Considerado o contexto, o segmento cujo
sentido está adequadamente expresso em outras palavras é:
(A) criatura supostamente decente e moral = ser hipoteticamente
inteiriço e devoto
INCORRETO – não há relação entre “decente
e moral” com “inteiriço e devoto”;
(B) capaz de abstrair um conceito geral = apto a destacar um
aforismo genérico
INCORRETO – abstrair é diferente de
“destacar”;
(C) de modo a fazer inferências = a fim de tirar ilações
CORRETO – Vejamos o que dizem os
dicionários acerca do vocábulo “inferência”:
·
ação ou efeito de inferir; conclusão, indução
·
operação intelectual por meio da qual se afirma a verdade de
uma proposição em decorrência de sua ligação com outras já reconhecidas como verdadeiras
·
ilação
(D) versões radicais dessa teoria = facetas temerárias desse
método
INCORRETO – não há aproximação entre
“radicais” e “temerárias” no contexto apresentado.
(E) persiste como um paliativo = remanesce como um
subterfúgio
INCORRETO – “paliativo” tem a ver com algo
que atenua um mal por um período curto de tempo; “subterfúgio” refere-se amanobra ou
pretexto para evitar dificuldades.
GABARITO C
_____________________________________________________________________________________
QUESTÃO 4
não acredito que
muitas pessoas sustentem nos dias de hoje uma versão tão forte da
posição cartesiana...
O verbo empregado nos
mesmos tempo e modo que o verbo grifado acima está em:
(A) ...certamentepersiste
como um paliativo...
Verbo no presente do Indicativo
(B) ...e que apenas os
homens gozam de “consciência”...
Verbo no presente do indicativo
(C) ...criatura alguma
que não seja capaz de...
Verbo no presente do subjuntivo (exatamente como a forma verbal
destacada no enunciado)
(D) ...desde que os
territórios reservados suprissem suas necessidades corporais...
Verbo no pretérito imperfeito do subjuntivo
(E) ...os nossos
ancestrais racistas argumentavam que...
Verbo no pretérito imperfeito do indicativo
GABARITO C
________________________________________________________________________________
QUESTÃO 5
Atente para as afirmações
abaixo sobre a pontuação empregada no texto.
I. Outros conferem
“consciência” a criaturas que reconhecem seus parentes consanguíneos e se
recordam de locais prévios relacionados a situações de perigo ou de prazer. (1º parágrafo)
Sem prejuízo para o
sentido e a correção, uma vírgula poderia ser colocada imediatamente depois da
palavra criaturas.
INCORRETO – Após a
palavra “criaturas”, temos um pronome relativo. Como sabemos, as orações
introduzidas por pronomes relativos são orações adjetivas. Se isoladas por
pontuação, as orações adjetivas serão "explicativas”; se não forem
isoladas por pontuação, serão “restritivas”. Ou seja: haverá mudança de
sentido.
II. Não acredito que
muitas pessoas sustentem nos dias de
hoje uma versão tão forte da posição cartesiana...(3º parágrafo)
Sem prejuízo para a
correção e a clareza, o segmento em destaque poderia ser isolado por vírgulas.
CORRETO – o segmento em
destaque é um adjunto adverbial deslocado, portanto poderia vir isolado por
vírgulas.
III. ... os
“insensíveis” índios eram incapazes de experimentar alguma forma de dor
conceitual ou filosófica pela perda de seu ambiente ou modo de vida (desde que
os territórios reservados suprissem suas necessidades corporais de alimento e
segurança), e que os “primitivos” africanos... (3º parágrafo)
A substituição dos
parênteses por travessões não implicaria prejuízo para a correção e a lógica.
CORRETO – Segmentos entre
parênteses podem vir entre travessões.
Está correto o que se
afirma em
(A) II, apenas.
(B) I, apenas.
(C) I, II e III.
(D) II e III, apenas.
(E) I e III, apenas.
GABARITO (D)
___________________________________________________________________________________
QUESTÃO 6
Algumas pessoas
não atribuirão “consciência” a
criatura alguma...
O verbo que exige o mesmo
tipo de complemento que o verbo grifado acima está em:
(A) ...e que os
“primitivos” africanos não lamentariam a terra natal e a família abandonadas à
força...
INCORRETO – o verbo “lamentar” tem complemento direto (sem preposição).
Se lamentamos, lamentamos algo.
(B) ...essa questão
assume uma importância central...
INCORRETO – o verbo “assumir” tem complemento direto (sem preposição).
Se assumimos, assumimos algo
(C) ...as expressões
vocais e faciais desses parentes evolutivos próximos são semelhantes às nossas
próprias reações...
INCORRETO – A forma verbal “são” (verbo ser) é de ligação.
(D) ...isso depende da
definição escolhida.
INCORRETO – O verbo
“depender” exige complemento com preposição. Se dependemos, dependemos de algo
ou de alguém.
(E) ...uma vez que a
escravidão lhes assegurasse a sobrevivência do ponto de vista físico.
CORRETO – Assim como o
verbo destacado no enunciado, a forma “assegurasse” apresenta dois complementos
(um com e um sem preposição). Se asseguramos, asseguramos algo a alguém.
GABARITO (E)
__________________________________________________________________________________
QUESTÃO 7
Não acredito que
muitas pessoas sustentem nos dias de hoje uma versão tão forte da posição
artesiana, mas a tradição de se considerar os animais “inferiores” como
“menos capazes de sentir” certamente persiste como um paliativo que ajuda a
justificar nossa rapacidade − do mesmo modo como os nossos ancestrais
racistas argumentavam que os “insensíveis” índios eram incapazes de
experimentar alguma forma de dor conceitual ou filosófica pela perda de seu
ambiente ou modo de vida (desde que os territórios reservados suprissem
suas necessidades corporais de alimento e segurança), e que os “primitivos”
africanos não lamentariam a terra natal e a família abandonadas à força uma vez
que a escravidão lhes assegurasse a sobrevivência do ponto de vista físico.
Mantém-se clara e correta a redação da
frase acima caso, sem qualquer outra alteração, os elementos sublinhados sejam
substituídos, respectivamente, por:
(A) embora − de modo que
(B) contudo− contanto que
(C) conquanto − porquanto
(D) embora − contanto que
(E) porém− antes que
Essa questão exige o
conhecimento acerca dos valores semânticos dos conectivos (geralmente as
conjunções). O primeiro termo destacado pela banca foi o conectivo “mas”, que
estabelece um vínculo adversativo (oposição, contraste) no universo das orações
coordenadas. Observando a primeira
coluna das opções oferecidas pela FCC, percebemos que apenas os conectivos
apresentados nas opções (B) e (E) são similares ao termo “mas”. Vale ressaltar
que as conjunções “embora” e “conquanto” também introduzem nexo de oposição,
mas no reino das orações subordinadas
adverbiais concessivas.
Para decidir entre as
opções (B) e (E), basta observar o segundo elemento destacado pela banca no
texto: “desde que”. Analisando o contexto, percebe-se que se trata de um elemento
que introduz valor semântico de “condição”, o que também encontramos em
“contanto que”.
GABARITO (B)
________________________________________________________________________________
QUESTÃO 8
... uma vez que as
expressões vocais e faciais desses parentes evolutivos próximos são
semelhantes às nossas próprias reações aos mesmos estímulos...
Sem que qualquer outra
modificação seja feita na frase acima, o sinal indicativo de crase deverá ser
mantido caso o segmento sublinhado seja substituído por:
(A) afiguram.
(B) parecem.
(C) correspondem.
(D) lembram.
(E) rememoram.
Se o assunto é crase, foco na regência! Das cinco
opções oferecidas pela banca, apenas uma apresenta um regente que exige a
preposição “a”: correspondem (se correspondem, correspondem A algo ou A
alguém). As demais opções oferecem regentes que não exigem preposição
(afigurar, lembrar e rememorar) ou regente que pede outra preposição (parecer
“com”).
GABARITO (C)
___________________________________________________________________________________
QUESTÃO 9
... desde que os
territórios reservados suprissem suas necessidades corporais de alimento e
segurança...
A transposição da frase
acima para a voz
passiva terá
como resultado a forma verbal:
(A) fossem supridas.
(B) forem supridos.
(C) fossem supridos.
(D) viessem a suprir.
(E) sejam supridas.
Questões que envolvem
transposição da ativa para a passiva (ou vice-versa) exigem cuidado redobrado
com o tempo do verbo. O texto apresentado oferece o verbo no pretérito imperfeito do subjuntivo
(suprissem). Sendo assim, só as opções que contiverem o verbo “ser” no
pretérito imperfeito do subjuntivo devem merecer a atenção do candidato (A) e
(C). Como a forma verbal da voz passiva precisa concordar com “necessidades”,
teremos na resposta a forma “fossem supridas”.
GABARITO (A)
_________________________________________________________________________________
QUESTÃO 10
A substituição do
elemento grifado pelo pronome correspondente foi realizada de modo INCORRETO
em:
(A) sem levar em
consideração os rótulos = sem
levá-los em consideração
(B) capaz de abstrair
um conceito geral = capaz
de abstraí-lo
(C) suprissem suas
necessidades = suprissem-nas
(D) conferem
“consciência” a criaturas = conferem-lhes
consciência
(E) que reconhecem
seus parentes consanguíneos = que lhes reconhecem
Utiliza-se o pronome “o”
(e variações “os”, “a”, “as”) para complemento de verbos que não exigem
preposição; utiliza-se a forma pronominal “lhe” (ou “lhes”) para complemento de
verbos que exigem preposição. Basta observar que, na opção (E), o complemento
não está preposicionado (seus parentes consanguíneos), portanto deveria ser
empregada a forma “os” (que os reconhecem).
GABARITO (E)
___________________________________________________________________________________
QUESTÃO 11
·
O cartesianismo
sustenta que os animais são pouco mais que máquinas desprovidas de sentimentos.
·
As versões
radicais do cartesianismo consideram que até mesmo a dor de outros mamíferos é
apenas uma resposta automática.
·
Para o
cartesianismo, o sofrimento dos animais não deve ser motivo para nos
preocuparmos com sua possível extinção.
As frases acima articulam-se num único período, com
clareza e correção, em:
(A) Ao sustentar que os animais são pouco mais que
máquinas desprovidas de sentimentos e, segundo as versões radicais do
cartesianismo, ao considerar que até mesmo a dor dos mamíferos é uma resposta
automática, o sofrimento dos animais não deve ser motivo para nos preocuparmos
com sua possível extinção.
(B) O cartesianismo, cujas versões radicais consideram
que até mesmo a dor de outros mamíferos é apenas uma resposta automática,
sustenta que os animais são pouco mais que máquinas desprovidas de sentimentos
e, por conseguinte, que seu sofrimento não deve ser motivo para nos
preocuparmos com sua possível extinção.
(C) Para o cartesianismo, o sofrimento dos animais não
deve ser motivo para nos preocuparmos com sua possível extinção, por que
sustenta que os animais são pouco mais que máquinas desprovidas de sentimentos,
as versões radicais do cartesianismo considerando que até mesmo a dor de outros
mamíferos é apenas uma resposta automática.
(D) O cartesianismo sustenta que os animais são pouco
mais que máquinas desprovidas de sentimentos e considera que até mesmo a dor de
outros mamíferos é apenas uma resposta automática, isso para suas versões
radicais, porquanto o sofrimento dos animais não deve ser motivo para nos
preocuparmoscom sua possível extinção.
(E) Sustentando que os animais são pouco mais que
máquinas desprovidas de sentimentos, o cartesianismo, em suas versões radicais,
consideram que até mesmo a dor de outros mamíferos é apenas uma resposta
automática, na medida em que o sofrimento dos animais não deve ser motivo para
nos preocuparmos com sua possível extinção.
Questão típica para irritar os candidatos menos
pacientes. Extensa, pode impressionar num primeiro contato, mas é fácil.
(A) INADEQUADA – Não há evidência de quem sustenta o
que se diz na primeira linha. Na verdade, se levarmos ao pé da letra essa
redação, consideraremos “o sofrimento dos animais” como sujeito de “sustentar”
e“considerar”.
(B) ADEQUADA – Apresenta o conectivo “cujo” (pronome
relativo) para ligar a segunda sentença à primeira, e apresenta o conectivo
“por conseguinte” (de valor conclusivo) para ligar a terceira sentença à
segunda.
(C) INADEQUADA – Não há articulação entre as
informações, despejadas sem qualquer elemento coesivo entre elas.
(D) INADEQUADA – Péssima redação com uso indevido do
conectivo “porquanto”, que só deve ser empregado com valor causal ou
explicativo.
(E) INADEQUADA – Erro grosseiro de concordância na
segunda linha (“o cartesianismo consideram”...), além de mau uso da expressão
“na medida em que”, que só deve ser empregada com valor causal ou explicativo.
GABARITO (B)
________________________________________________________________________________
QUESTÃO 12
O aquário
propriamente dito teve um nascimento interessantee particular na metade do
século XIX. Antes
disso,alguns poucos naturalistas __________ conseguido manter os
organismosmarinhos vivos em recipientes dentro de casapor períodos
consideráveis – mas somente com um esforçocontínuo e substancial (que __________
a cargo dos empregadosdomésticos, o que revelava outra realidade socialdaqueles
tempos). Um exemplo são os animais marinhosque __________ nos vasos cilíndricos
de vidro que sir JohnGraham Dalyell mantinha em sua casa no início do séculoXIX.
(Adaptado de:
Stephen Jay Gould. Op. cit., p.77-9)
Preenchem corretamente as
lacunas do texto acima, naordem dada:
(A) haviam− ficavam − haviam
(B) havia − ficava − haviam
(C) haviam− ficava − havia
(D) havia − ficavam − havia
(E) haviam− ficava –haviam
Na primeira lacuna só cabe a forma “haviam”, verbo auxiliar que precisa
concordar com o sujeito “alguns poucos naturalistas”; na segunda lacuna só cabe
a forma “ficava”, pois a concordância se dá com o termo “esforço”; na terceira
lacuna só cabe a forma “havia”, já que se trata de verbo impessoal e, portanto,
tem de ser empregado na 3ª pessoa do singular.
GABARITO (C)
________________________________________________________________________________
Atenção: Para responder às questões de números 13 a 18, considere o
texto abaixo.
Cora
Coralina, de Goiás
Este nome não
inventei, existe mesmo, é de uma mulher que vive em Goiás: Cora Coralina.
Cora Coralina, tão gostoso pronunciar
este nome, que começa aberto em rosa e depois desliza pelas entranhas do mar,
surdinando música de sereias antigas e de Dona Janaína moderna.
Na estrada que é Cora Coralina passam o
Brasil velho e o atual, passam as crianças e os miseráveis de hoje. O verso é
simples, mas abrange a realidade vária. Escutemos: “Vive dentro de mim / uma
cabocla velha / de mau olhado, / acocorada ao pé do borralho, / olhando pra o
fogo.” “Vive dentro de mim / a lavadeira do rio Vermelho. / Seu cheiro gostoso
d'água e sabão.” “Vive dentro de mim / a mulher cozinheira. / Pimenta e cebola.
/ Quitute bem feito.” “Vive dentro de mim / a mulher proletária. / Bem
linguaruda, / desabusada, sem preconceitos.”“Vive dentro de mim / a mulher da
vida. / Minha irmãzinha... / tão desprezada, / tão murmurada...”
Todas as vidas. E
Cora Coralina as celebra com o mesmo sentimento de quem abençoa a vida. Ela se
coloca junto aos humildes, defende-os com espontânea opção, exalta-os,
venera-os. Sua consciência humanitária não é menor do que a sua consciência da
natureza.
Assim é Cora Coralina - um ser geral,
“coração inumerável”, oferecido a estes seres que são outros tantos motivos de
sua poesia: o menor abandonado, o pequeno delinquente, o presidiário, a
mulher-da-vida. Voltando-se para o cenário goiano, tem poemas sobre a enxada, o
pouso das boiadas, o trem de gado, os becos e sobrados, o prato azul-pombinho,
último restante de majestoso aparelho de 92 peças, orgulho extinto da família.
Cora Coralina, um admirável brasileiro. Ela
mesma se define: “Mulher sertaneja, livre, turbulenta, cultivadamente rude.
Inserida na gleba. Mulher terra. Nos meus reservatórios secretos um vago
sentido de analfabetismo.” Opõe à morte “aleluias festivas e os sinos alegres
da Ressurreição. Doceira fui e gosto
de ter sido.
Mulher operária”.
Cora Coralina: gosto muito deste nome,
que me invoca, me bouleversa, me hipnotiza, como no verso de Bandeira.
(Adaptado de:
Carlos Drummond de Andrade. Publicado originalmente
no Jornal do
Brasil. Cad. B, 27.12.80. Cora Coralina. Vintém
de
cobre: meias confissões de Aninha. 8. ed.S.Paulo:
Global, 2001. p. 8-11)
13. Atente para as afirmações abaixo.
I. A expressão espontânea opção (4º parágrafo), empregada
por Drummond, não é inteiramente redundante, pois oqualificativo espontâneareforça o caráter
voluntário da escolha.
Correto – Trata-se de um
recurso para acentuar a qualidade da abnegação, do desprendimento de que era
dotada Cora Coralina.
II. A alusão de Drummond ao
majestoso
aparelho de 92 peças (5º parágrafo) revela a contradição entre a riqueza da poeta ea
simplicidade e a humildade dos temas e pessoas tratados em sua poesia.
Incorreto – Não há contradição
alguma.
III. A expressão cultivadamente
rude (6º
parágrafo), de que Cora Coralina se vale para falar de si mesma, é
propositalmenteparadoxal, pois rude pode significar “não cultivado”.
Correto – Mais um recurso
para afirmar o desprendimento de Cora Coralina.
Está correto o que se
afirma em
(A) III, apenas.
(B) II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) I, II e III.
(E) I e II, apenas.
GABARITO (C)
_________________________________________________________________________________
14. “Vive dentro de mim / uma cabocla velha / de mau
olhado, / acocorada ao pé do borralho, / olhando pra o fogo.” [...]
“Vive dentrode mim / a mulher proletária. / Bem linguaruda, / desabusada,
sem preconceitos.” “Vive dentro de mim / a mulher da vida. /Minha irmãzinha...
/ tão desprezada, / tão murmurada...”
De acordo com o contexto, os elementos sublinhados no
trecho acima têm, respectivamente, o sentido de:
(A) dobrada − malcriada − lastimosa
(B) encostada − acanhada − renomada
(C) agachada − avançada − mal amada
(D) agachada − atrevida − mal falada
(E) encostada − acanhada − mal falada
“acocorada” – posto de cócoras, agachado;
“desabusado” – que perdeu o abusão, desiludido; que é
abusado, atrevido, insolente;
“murmurar” – falar mal de alguém ou algo, queixar-se
GABARITO (D)
___________________________________________________________________________________
15. A afirmação que está em DESACORDO com o texto é:
(A) as palavras da própria Cora Coralina são citadas
para mostrar o que há de telúrico em sua personalidade.
(B) a poesia de Cora Coralina volta-se para o passado,
sem deixar de tratar do presente.
(C) o nome de Cora Coralina exerce um enorme fascínio
sobre Drummond.
(D) os mais despossuídos parecem ocupar o lugar
central na poesia de Cora Coralina.
(E) a preocupação de Cora Coralina com os homens só é
superada pelos seus cuidados com a natureza.
No fim do quarto parágrafo, temos: “Sua consciência
humanitária não é menor do que a sua consciência da natureza.”
GABARITO (E)
________________________________________________________________________________
16. “...tão gostoso pronunciar este nome –
sentimento de quem abençoa a vida – Opõe à morte aleluias
festivas. A substituição dos elementos grifados acima pelos pronomes correspondentes,
com os necessários ajustes, foi realizadacorretamente em:
(A) tão gostoso pronunciá-lo − sentimento de quem a
abençoa − Opõe-lhe aleluias festivas
(B) tão gostoso pronunciar-lhe − sentimento de quem
abençoa-a − Lhe opõe aleluias festivas
(C) tão gostoso pronunciá-lo − sentimento de quem
abençoa-lhe − Opõe-na aleluias festivas
(D) tão gostoso o pronunciar − sentimento de quem a
abençoa − A opõe aleluias festivas
(E) tão gostoso lhe pronunciar − sentimento de quem
lhe abençoa − Opõe-na aleluias festivas
O primeiro elemento a ser substituído – “este nome” –
não está preposicionado, portanto não cabe o uso do pronome “lhe”. Isso permite
o descarte das opções (B) e (E). O segundo elemento – “a vida” – também está
sem preposição, o que nos permite eliminar a opção (C). O terceiro elemento –
“à morte” – está preposicionado (note o acento grave), assim descartamos a
opção (D), pois agora se deve utilizar o pronome “lhe”.
GABARITO (A)
_____________________________________________________________________________________
17. A frase que admite transposição para a voz passiva é:
(A) ...gosto muito deste nome...
(B) ...e depois desliza pelas entranhas do mar...
(C) ...uma mulher que vive em Goiás...
(D) ...passam as crianças e os miseráveis de hoje.
(E) ...defende-os com espontânea opção...
Para resolver esse tipo de questão, basta procurar a opção que ofereça
um verbo transitivo direto (pode ser também transitivo direto e indireto).
A única opção contendo um VTD é a opção (E). Na voz passiva, teríamos
“são defendidos com espontânea opção”.
GABARITO (E)
_________________________________________________________________________________
18. A frase cuja pontuação está inteiramente adequada é:
(A) Sendo um nome hoje conhecido de todos os que apreciam a poesia,
Cora Coralina deve ter encontrado, já muitosintérpretes de sua obra, alguns
certamente sensíveis, e argutos, mas poucos terão escrito sobre sua poesia, de
maneiratão poética como o fez Drummond, ele mesmo um de nossos maiores poetas.
(B) Sendo um nome hoje conhecido, de todos os que apreciam a poesia,
Cora Coralina deve ter encontrado já muitosintérpretes de sua obra, alguns
certamente sensíveis e argutos, mas, poucos terão escrito sobre sua poesia, de
maneiratão poética como o fez Drummond ele mesmo, um de nossos maiores poetas.
(C) Sendo um nome, hoje conhecido de todos, os que apreciam a poesia,
Cora Coralina deve ter encontrado já muitosintérpretes, de sua obra, alguns
certamente sensíveis e argutos; mas poucos terão escrito sobre sua poesia de
maneiratão poética como o fez Drummond, ele mesmo um de nossos maiores poetas.
(D) Sendo um nome hoje conhecido de todos os que apreciam a poesia,
Cora Coralina deve ter encontrado já muitosintérpretes de sua obra, alguns
certamente sensíveis e argutos, mas poucos terão escrito sobre sua poesia de
maneira tãopoética como o fez Drummond, ele mesmo um de nossos maiores poetas.
(E) Sendo um nome hoje conhecido de todos, os que apreciam a poesia,
Cora Coralina deve ter encontrado já muitosintérpretes de sua obra, alguns,
certamente sensíveis e argutos, mas poucos, terão escrito sobre sua poesia de
maneiratão poética como o fez Drummond, ele mesmo, um de nossos maiores poetas.
(A) – Pontuação INCORRETA, pois há vírgula separando
verbo de complemento (encontrado, já muitos intérpretes...). Também está
inadequada a vírgula entre “sensíveis” e “argutos”. Há, ainda, um terceiro
erro: a vírgula após “poesia” na penúltima linha.
(B) – Pontuação INCORRETA: absurda a vírgula entre
“conhecido” e “de todos”; equivocada a vírgula após a conjunção “mas”; e
descabidas as duas vírgulas na penúltima linha.
(C) - Pontuação INCORRETA: um festival de bobagens!
Vírgulas descabidas separando “todos” de “os que apreciam...”; “intérpretes” de
“sua obra”...
(D) – Pontuação CORRETA
(E) - Pontuação INCORRETA: Vide comentário na opção
(C).
GABARITO (D)
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19. O verbo empregado no plural que, sem prejuízo das
normas de concordância verbal, também poderia ser empregado no singularestá
grifado neste fragmento de um poema de Cora Coralina:
(A) Filhos, pequeninos e frágeis...
eu os carregava, eu os alimentava?
Não. Foram
eles que me carregaram,
que me alimentaram.
(B) Sobraram
na fala goiana algumas expressões africanas, como Inhô, Inhá,
Inhora, Sus Cristo. [...]
(C) Suas roseiras, jasmineiros, cravos e cravinas,
escumilhas,
onde beija-flores faziam
seus ninhos delicados [...]
(D) Na Fazenda Paraíso, grandes terras de Sesmaria,
nos dias
da minha infância ali viviam meu avô, minha bisavó Antônia,
que todos diziam Mãe Yayá, minha tia Bárbara, que era
tia Nhá-Bá.
(E) E vinham
os companheiros, eu vi, escondida na moita de bambu...
(A) Verbo obrigatoriamente flexionado no plural, pois
o sujeito é o pronome “eles”;
(B) Verbo obrigatoriamente flexionado no plural, pois
o sujeito é o sintagma “algumas expressões africanas”;
(C) Verbo obrigatoriamente flexionado no plural, pois
o sujeito é o termo “beija-flores”;
(D) O verbo, por estar anteposto ao sujeito composto,
pode concordar com o núcleo mais próximo (concordância atrativa). Ou seja:
estaria correto também se fosse “vivia meu avô, minha bisavó Antônia...”;
(E) Verbo obrigatoriamente flexionado no plural, pois
o sujeito é o termo “os companheiros”.
GABARITO (D)
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20. Estão corretos o emprego e a flexão de todos os verbos da frase:
(A) Proseia com a antiga colega de turma há quase uma hora e não atina
com o nome dela.
(B) É realmente espantoso como tudo parece estar acontecendo exatamente
como preveu.
(C) Ela requiz imediatamente os seus direitos, mas não encontrou quem
lhe atendesse.
(D) Se intervisse a favor do amigo, certamente acabaria por se indispor
com o chefe.
(E) Antes mesmo que ouvisse a má notícia, de que estava certo, atera-se
à parede para não cair.
(B) – o correto é “previu”, verbo derivado de “ver”;
(C) – o correto é “requereu”;
(D) – o correto é “interviesse”, verbo derivado de “vir”;
(E) – o correto é “ativera-se”, verbo derivado de “ter”.
GABARITO (A)
Contato do Prof: Facebook
Muito elucidador. Ótima didática em concisas palavras. Parabéns.
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